Era uma vez…
Ele, um jovem abastado e charmoso que vive quebrando as regras. Ela, uma menina meiga, inteligente e que nunca se apaixonou. Numa festa eles se conhecem e, após trocarem olhares e algumas palavras, se apaixonam perdidamente. Em mundos tão diferentes, o romance parece impossível e as famílias se opõem, mas eles decidem ficar juntos. As dificuldades aparecem e vão sendo superadas com muito choro e malabarismo, até que, sem aviso prévio, ela muda de cidade com a família. Ele perde o sentido da vida e ela recusa adaptar-se ao novo ambiente. O tempo passa e, finalmente, o destino faz com que os dois se reencontrem. Eles se abraçam, se beijam e ficam juntos, vivendo felizes para sempre.
Os detalhes podem mudar, mas você já deve ter assistido ou lido esse tipo de história. O famoso roteiro hollywoodiano é garantia de sucesso nas telas e em livros, por isso, tem sido utilizado exaustivamente em romances adolescentes, dramas, suspenses e até mesmo outros gêneros. O “Era uma vez…” dos contos de fadas infantis, cheios de príncipes e princesas, ricos que se apaixonam por pobres, donzelas indefesas salvas por cavalheiros, ou rebeldes regenerados pelo amor de uma linda dama, tornou-se popular e ganhou o coração de muitos.
São histórias cativantes e fofas com aparência inofensiva e, por isso, muitas pessoas, inclusive cristãs, têm assistido e lido esses romances. Mas será que tem problema? Bom, nessas histórias, geralmente, o casal costuma se comportar de forma contrária indicada ao namoro cristão, muitas vezes tendo relações sexuais sem o compromisso do casamento. “Ah, mas nesse não tem cenas assim. Tem muitas histórias que eles nem se beijam”, podem dizer e existe mesmo, como os contos de fadas infantis. Mas será que a Inspiração tem algo a dizer sobre esse assunto? Ellen White, inspirada, mostra como nossa mente é influenciada por tais histórias ao afirmar que “O encanto daquela história de amor vos domina a mente, destruindo-lhe o saudável tono, e tornando-vos impossível fixar a atenção sobre as importantes e solenes verdades que dizem respeito a vosso bem-estar eterno”.¹
Como entender melhor essa verdade? Existe uma analogia dos índios americanos que diz habitar dentro de nós dois lobos: um bom e um mau. O lobo bom representa a natureza divina implantada em nós, enquanto o lobo mau é nossa natureza carnal com tendências imorais. De acordo com o conto, os dois lutam e ganha o que a gente alimentar mais. ² E como se dá isso? Através das coisas que consumimos e decisões que tomamos. Se nos alimentamos de coisas espirituais, o lobo bom se desenvolve, mas se enchemos nossa mente de coisas terrenas e supérfluas, o lobo mau é que ganha a luta. Ellen White explica essa relação de forma clara ao dizer que: “A concupiscência dos olhos e corruptas paixões são despertadas pela contemplação e pela leitura. O coração corrompe-se pela imaginação. A mente toma prazer em contemplar cenas que despertam as paixões baixas e vis. Essas imagens vis, recebidas por uma imaginação enfraquecida, corrompem a moral e predispõem as pessoas iludidas e frívolas para que liberem suas paixões sensuais.”³
Não é necessário muito para entender que tal estado de coisas não traz benefícios aos relacionamentos e à própria pessoa. Muitos que costumam se alimentar de tais romances, adentram o relacionamento conjugal totalmente iludidos, com expectativas irreais. Despreparados para enfrentar as dificuldades da vida a dois, acabam por decepcionar-se e, muitas vezes, convencem-se de estarem com ‘a pessoa errada’ ou terem tomado uma decisão errada com respeito ao matrimônio. Descobrem de forma dolorosa e tardiamente, que a realidade não se parece nada com as fantasias que construíram baseadas nos romances que leu / assistiu.
Essa situação faz parte do plano do inimigo, uma vez que, “Satanás sabe que, em alto grau, o espírito é afetado por aquilo de que se alimenta. Está tentando dirigir tanto os jovens como os de idade madura à leitura de romances, contos e outra literatura. Os leitores de tal literatura tornam-se incapazes para os deveres que têm pela frente. Vivem uma vida irreal, não sentindo desejo de buscar as Escrituras para se alimentar do maná celeste. A mente que necessita se robustecer é enfraquecida, perdendo o poder de estudar as grandes verdades relacionadas com a missão e obra de Cristo – verdades que revigorariam a mente, despertariam a imaginação, ateando um forte e fervoroso desejo de vencer assim como Cristo venceu”.4
Querida leitora, não sei quem é você, se é uma adolescente, uma jovem mulher solteira ou comprometida, seja namorando ou casada, mas independentemente de quem você é, talvez goste de assistir romances e/ou ler livros que contam histórias de amor. E realmente não veja nem um mal nisso, mas você consegue entender a seriedade do assunto? Percebe o quanto sua vida aqui pode ser prejudicada e, principalmente, o quanto sua vitória espiritual estará comprometida se persistir nesse comportamento? Deus está falando com você, buscando despertar sua consciência e, através do poder do Espírito Santo, te ajudar a mudar essa realidade. No início, pode ser difícil, mas não precisamos ficar desamparados e sem saber por onde começar. O mesmo Deus que nos adverte, também nos mostra como podemos, de forma prática, colaborar com o Espírito Santo e alcançar vitória. Eis a ‘receita’: Evitem ler e ver coisas que sugiram pensamentos impuros. Cultivem as faculdades morais e intelectuais. Não deixem que essas nobres qualidades sejam enfraquecidas e pervertidas pela muita leitura, mesmo de livros de contos.5
Meu desejo é que você receba forças e sabedoria para utilizar seu tempo sabiamente, e ao invés de encher sua mente com romances irreais, você encha seu coração com a esperança de, muito em breve, desfrutar daquilo que “Olho nenhum viu, ouvido nenhum viu, mente alguma imaginou o que Deus preparou para aqueles que O amam”. (I Coríntios 2:9)
Que tal trocar as novelas por ler alguns desses artigos?:
Ou, por que não algumas histórias de amor verídicas?
¹ WHITE, Ellen G., Message to Young People, p.273.
²Available at: https://voltaaosupremo.com/artigos/artigos/os-dois-lobos-no-coracao/. Accessed on April 20, 2020.
³WHITE, Ellen G., Mind, Character and Personality, vol. 2, p. 591-592.
4WHITE, Ellen G., Message to Young People, p. 271-212.
5 Mind, Character and Personality, vol. 2, pgs. 591 and 592