Vamos falar um pouco mais sobre endometriose? Espero que tenha assistido a live, que apesar de curtinha foi bem esclarecedora. Neste artigo, vamos detalhar alguns conceitos e passar alguns conselhos para que você que possui o diagnóstico possa ter mais qualidade de vida.
Então vamos lá, a endometriose é uma doença ginecológica, feminina, que consiste na implantação do tecido endometrial (aquele da parte interna do útero), em outra cavidade ou órgão, gerando assim uma inflamação, afinal de contas esse tecido não está em seu habitat natural.
Ou seja, o nosso útero aumenta seu tecido interno na intenção de receber um óvulo fecundado, quando não recebe, parte desse tecido se desprende (cólicas surgem em algumas nesse momento), e gera então nossa menstruação. Esse sangue, que é o tecido endometrial descolado do útero, deve descer até o colo do útero, canal vaginal e saída, porém, por alguns motivos, ainda não totalmente esclarecidos pela medicina, parte desse sangue (tecido endometrial descolado do útero), cursa um caminho não natural, se adere em outros locais e se torna um tecido chamado fibrótico, que é mais firme, e isso tudo pode gerar dor, desconforto e prejuízo na ação da área atingida.
As áreas mais atingidas são que as que estão ao redor do útero, então ovário, tubas, ligamentos, tendões, nervos da região e até áreas mais profundas como o intestino e paredes de divisões desses órgãos. Logo, o sintoma, o comprometimento e os sinais dependerão da área afetada e o tamanho da área de tecido fibrótico. Considerando que, há casos que se mantêm na forma inicial, onde há poucas áreas com este tecido, mas a doença pode ser progressiva.
Por fim, acredito que agora deu para visualizar um pouco sobre a doença, então vamos falar sobre o que podemos fazer. Nosso objetivo com as ações a serem descritas são de minimizar essa retenção da menstruação e de diminuir a inflamação das lesões já instaladas, minimizando assim os sintomas.
Minimize os sintomas com exercício físico
Eu sei, não da mínima vontade de se mexer. Mas o exercício físico fortalece a musculatura da região, facilitando o fluxo normal de sangue. Comece com uma caminhada ou alongamentos em casa mesmo. Adote o hábito de se mexer um pouco todos os dias e colha os benefícios!
Minimizar as cólicas com compressas
Para minimizar a dor e cólica, procure o auxílio de compressas mornas, chá de orégano e se necessário, medicação.
Diminui as inflamações com ômega-3
O sangue e tecido instalados em lugares onde não deveriam estar causa inflamações. Então uma alimentação rica em ômega-3, que é anti-inflamatório, colabora muito com o seu corpo. Ômega-3 está presente nas oleaginosas, óleos vegetais, sementes e folhas verdes escuras. Alimentos inflamatórios, como frituras, bolachas, refrigerantes e alimentos ultra-processados ou refinados só pioram as inflamações e aumentam as dores.
Diminui a retenção da menstruação com chás
Use chá de alecrim durante o período menstrual, pois ele auxilia na eliminação total da menstruação, diminuindo a possibilidade de retenção da menstruação. Na aula que dou sobre menstruação no nosso curso (A mulher, sexo e Deus) eu te ensino fazer o chá de alecrim e de orégano para ajudar controlar o seu ciclo. Já experimentou?
Faça uma limpeza com melão
Você já deve ter ouvido falar que o melão é uma fruta muito amiga do corpo feminino e não é atoa. O melão tem altos níveis de magnésio, que é um mineral que ajuda relaxar o tecido uterino e assim pode prevenir as fortes cólicas que acompanham a menstruação. O alto teor de água na composição do melão também ajuda regularizar o fluxo menstrual, algo importante para quem convive com endometriose. Tente realizar a limpeza com o melão semestralmente.
Procure ajuda!
Como ginecologista e alguém que convive com endometriose, faço um apelo a você. Procure o acompanhamento com ginecologista especializada. Não deixe o medo do diagnóstico te roubar a qualidade de vida possível para você. Não adie a consulta. Marque hoje mesmo.
Referência:
Aguiar A, Capela E, Caramelo O, Costa AR, Ferreira J, Guerra A, Marques AL, Relvas A, Jorge CC. Endometriose: recomendações de consenso nacionais- clínica e diagnóstico. Acta Obstet Ginecol Port. 2016;