Um dos fatores de risco ou predisponentes para o desenvolvimento da depressão pós-parto (DPP), é a idealização da maternidade. A maternidade é sempre apresentada cheia de felicidade, contentamento, alegria e paz. Sim, é uma fase linda e repleta de bênçãos, mas é também cheia de dificuldades, privações e pode ter muitas dores físicas e emocionais. Quanto menos consciente e preparada a mulher estiver, maiores as chances de frustração e adoecimento psíquico. Alguns grupos de mães estão, especialmente, sujeitas a desenvolverem a depressão pós-parto.
Mulheres que passam por ótima gestação
Existem mulheres que passam a gravidez toda super tranquilas e, por isso criam expectativas de um pós-parto igualmente feliz. Mas, o puerpério, a amamentação, a privação do sono, as dores do parto e outros conflitos, podem dar um choque de realidade nessa mãe e ela adoecer emocionalmente.
Mulheres que passam por tratamentos fertilizantes
Fatores físicos, emocionais ou circunstanciais podem impedir uma gravidez e muitas vezes o casal opta por procedimentos clínicos para a realização do sonho de gerar um filho. Quanto mais difícil for engravidar, maiores as expectativas com relação à gestação, pós-parto e mesmo da própria criança. E novamente, todas as intercorrências podem gerar frustração e tristeza, desenvolvendo por fim, a depressão pós-parto.
Mulheres que engravidam com idade avançada
Muitas mulheres planejam ter filhos somente após terem conquistado vários sonhos pessoais e profissionais. Ser mãe acaba sendo a conquista final, a cereja do bolo de uma vida bem-sucedida e feliz. Mas, as dificuldades e privações que a maternidade traz, podem servir de fatores de tristeza e desapontamento, levando essa mulher ao arrependimento e depressão pós-parto.
Além desses grupos, fatores como o puerpério, o eterno senso de responsabilidade, a falta de liberdade - em especial nos primeiros anos - os novos desafios e dificuldades apresentados pelo exercício da maternidade, e a necessidade de adaptação para dar continuidade a vida, podem levar muitas mulheres à frustração e tristeza tão grandes que elas acabam por adoecer e desenvolver a depressão pós-parto. Por isso, é importante o preparo emocional no pré-natal e suporte social no pós-parto, para que a mãe possa superar as dificuldades da forma mais leve possível e que, as tristezas e dores não tenham peso maior que as alegrias e felicidades encontradas no exercício da maternidade.
Como exemplo, segue meu próprio relato de parto: Eu sabia que minha vida mudaria quando minha filha nascesse, mas como sempre fui ativa e gosto de estudar, achei que logo conseguiria retomar minhas atividades, mas a realidade foi diferente. Passei dias inteiros com minha filha no colo, cuidando, amamentando e quando ela finalmente dormia, eu estava exausta e só queria descansar. Vivi muitos dias frustrada e triste, me sentindo inútil, com a sensação de não ter feito nada o dia todo. Tive momentos em que só chorava e queria sumir, então entendi que, se não mudasse meu modo de ver as coisas, adoeceria emocionalmente.
Comecei a ler no celular os escritos de Ellen White sobre maternidade e textos sobre desenvolvimento infantil. Criei um 'mantra' na minha mente:
"O tempo gasto com minha filha, nunca é perdido. Passar o dia com ela no colo, não é tempo perdido. Afeto nunca é demais. Estou construindo as bases da vida psíquica de um ser humano".
Comecei a conversar com outras mães e senti que não estava sozinha, pois muitas compartilham desse sentimento. Isso acalentou meu coração e me ajudou a ressignificar meus dias. Hoje, não me cobro em produzir, realizar tarefas ou ter pressa para viver meus sonhos. Tenho consciência que minha vida nunca mais será a mesma, mas a prioridade é minha filha que logo vai crescer e terei tempo para coisas menos importantes. Vivo um dia de cada vez, aproveitando cada minuto com ela e confiando que Deus proverá todas as coisas.
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