Com os anos que tenho de rede social, aprendi que, todos nós, por mais modestos que sejamos, temos lá no fundo o desejo de sermos notados, seja em pequena ou grande proporção. Muitos de nossos perfis têm a missão de alcançar pessoas em áreas diversas, como música, fotografia, moda, saúde ou humor. Afinal, é maravilhoso poder compartilhar conhecimento e informação com outras pessoas, e se você for como eu, sempre estará buscando oportunidade de transmitir aquilo que você ama.
A internet trouxe até nós o privilégio de impactar pessoas sem sair de casa e agora eu te pergunto: Como você tem impactado as pessoas ao seu redor? Sua influência tem sido positiva ou negativa?
Você, possivelmente, já viu alguma polêmica envolvendo celebridade, por causa de algum descuido em postagens na internet. Recentemente saiu na mídia, sobre uma influencer que ficou curada da Covid-19 e, há poucos dias, furou o isolamento social ao promover uma festa em sua casa para alguns amigos. Como descobriram? Ela mesma postou vídeos e fotos nas redes sociais, e ainda falou algumas coisas desnecessárias, aparentemente sob o efeito do álcool. O resultado é que ela perdeu vários contratos profissionais com empresas. Nosso círculo de influência pode ser bem menor que o dela, mas não podemos dar menos importância. Será que temos considerado o impacto de nossas postagens?
Nossa vida nas redes sociais é um livro aberto, e talvez esteja na hora de repensarmos o que temos escrito e exposto para que outros vejam e leiam. “Mas, o perfil é meu, e eu posto o que eu quiser!” Sim, você tem razão e não estou aqui para ditar regras de posts nas redes sociais. Gostaria apenas de te lembrar, quão nobre é pensar não apenas em si, mas também nas pessoas alcançadas por nossas publicações, afinal, “a palavra convence, mas o exemplo arrasta”.
Já dizia J. Lacan: “A fonte de todos os desejos do ser humano é o desejo de ser desejado sempre”. Essa frase me faz refletir profundamente, quanto à intenção por trás de nossas postagens. Por exemplo, já observou como mulheres de biquíni ou homens de sunga geram likes na internet? E não apenas likes. Muito do que se passa na cabeça das pessoas é exteriorizado em comentários vazios e superficiais que inflam o ego de quem publicou a imagem. As pessoas querem se sentir desejadas, umas mais, outras menos, mas cada uma usa o que considera uma arma em potencial para alcançar seu objetivo.
Postamos aquilo que achamos bonito e que pensamos que as pessoas também vão gostar. Por exemplo: me acho linda, sei que tenho um corpo bonito escondido embaixo de algumas camadas de roupa, Um dia vou à praia e coloco meu biquíni “nada gospel”, atraio olhares e elogios que me fazem sentir muito bem. Bato algumas fotos e meu primeiro impulso é compartilhar a que mais gostei. Estou contando algo que já passou pela minha cabeça. Durante a adolescência, fui excessivamente magra e um pouco alta para minha idade, por isso tentava me esconder por trás de uma má postura. A baixa autoestima, no passado já me fez questionar se seria tão ruim assim compartilhar fotos só com a parte de cima do biquíni, mas com um shortinho. Eu também queria receber afirmações que era linda, popular e desejada.
Hoje sei que mostrar o corpo não vai nos fazer mais bonitas do que somos, e nem preencher o vazio que insistimos em disfarçar, mas, existe. Também cheguei a conclusão que nem todo mundo merece me conhecer tão profundamente. Não sou um pedaço de desejo aos olhos. Minha motivação por trás de tais postagens, não merecia o sacrifício dos princípios que eu tinha me comprometido a defender. E esse deveria ser o fator mais importante.
Estamos sendo intencionais com o que publicamos? Por que postamos aquilo que postamos? Nossos motivos estão alinhados com aquilo que cremos? Nossas postagens beneficiarão outras pessoas? Vale a pena sacrificar nossos princípios por um story de 24 horas ou por curtidas?
Vale a pena expor todos os aspectos da nossa vida pessoal? Tudo o que comemos, vestimos, ouvimos, fazemos merece ser visualizado publicamente? Precisamos mesmo publicar tudo que pensamos, gostamos ou não gostamos?
Te convido para, juntas, aprendermos a ser prudentes. Ninguém tem nada a ver com o nosso particular, mas, se estudamos os pilares de nossa fé e nos comprometemos publicamente, perante Deus e os anjos a andar de acordo com o que aprendemos, devemos desenvolver um senso maior de responsabilidade. Muitas pessoas se inspiram em nós e o inimigo vai usar justamente coisas aparentemente insignificantes, para levar outras pessoas a desistirem, através do nosso exemplo. Espero que você nunca tenha que ouvir um: “nunca pensei em ver você fazendo/usando isso”, porque vai doer bastante, e até te fazer repensar suas atitudes de uma maneira bem brusca.
Convido você a refletir antes de postar. Avalie o que realmente deve ser compartilhado e o que precisa ser mantido apenas para você ou sua família. Mudanças, mesmo que pequenas, são necessárias diariamente. “Ai do mundo por causa das coisas que fazem com que as pessoas me abandonem! Essas coisas têm de acontecer, mas ai do culpado!” (Mateus 18:7)