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Respeito ao redor do mundo

Desde o nascimento de seus filhos, muitos pais educam suas crianças para serem gentis e respeitarem as pessoas. Mas, quando falamos sobre respeito estamos imergindo num termo bem complexo e relativo. Isso porque atos que representam respeito para mim, podem não ser para outras pessoas, variando com a maneira com que foram criadas. Se esse conceito varia entre famílias, quanto mais entre diferentes culturas no mundo.

De fato, o conceito de respeito varia muito de país a país. As diferenças são gigantes, não somente entre as culturas ocidentais e orientais. Por isso, viajar para algum lugar com apenas os conceitos básicos, pode ser arriscado. Estudar um pouco sobre a cultura ou mesmo conversar com alguém que já morou ou visitou aquele país vai permitir uma experiência muito mais agradável.

Ao fazer minhas pesquisas para este artigo, decidi falar com três amigas que me ajudaram a construir um retrato do que significa respeito na cultura em que vivem ou na cultura da sua família. Vou apresentá-las:

Danielly—uma brasileira que veio do Japão ao Brasil quando estava na barriga de sua mãe e parte da sua família ainda mora no Japão.

Hajar—uma médica marroquina que conheci em um onibûs na Europa e até hoje mantemos contato.

Larissa—fundadora do TGW, que me falou mais sobre o Canadá aonde ela vive há 15 anos.

Com a ajuda de nossas amigas, vamos explorar a forma como o respeito é compreendido – especificamente no quesito de relações interpessoais, família e religião – em quatro regiões do mundo: especificamente no Brasil, Canadá, Japão e Marrocos.

Respeito em relações interpessoais

A primeira abordagem é mais voltada à questão de respeito na sociedade em geral. O foco deste tópico é demonstrar como são desenvolvidas as relações interpessoais com conhecidos e desconhecidos.

Vamos começar pelo Brasil. Aqui, a maneira mais comum que demonstramos o respeito é por meio de afeto e simpatia. Digo isso, porque é muito comum, para nós brasileiros, cumprimentar com abraço e beijo no rosto, até mesmo pessoas que não conhecemos. Mas, quando falamos de local de trabalho, a maneira com que se demonstra respeito é um vocabulário mais formal e rebuscado, marcado por pouco afeto e mais impessoalidade e respeitando a hierarquia. Ao se dirigir aos idosos, é considerado um sinal de respeito referir-se a eles como “Senhor / Senhora”, prática muitas vezes ensinada às crianças para se dirigir a qualquer pessoa mais velha que eles.

Na maior parte da América do Norte, esta questão de afeto não marca as relações interpessoais. No Canadá, o respeito tem uma abordagem mais igualitária. Lá, as pessoas, em geral, acreditam que todos devem ser tratados da mesma forma, independentemente de religião, raça, orientação sexual ou sexo biológico. O estereótipo de que os canadenses são extremamente respeitosos e gentis, na maioria das vezes, soa verdadeiro.

No Japão, também, pouco se demonstra sentimentos por meio de afeto. Muito pelo contrário, a maneira com que os japoneses demonstram seu respeito é através de formalidades e tradições que seguem uma hierarquia definida pela idade. Assim, os mais velhos devem ser obedecidos e tratados com maior respeito pelos mais novos. Isso é justificado devido a extrema responsabilidade que recai sobre os que possuem mais idade, visto que devem ensinar e ser exemplo aos mais jovens. Esse respeito é exercido tanto dentro da família quanto com desconhecidos, sendo demonstrado de maneira formal e com rituais que demonstram reverência. Curvar-se é considerada um sinal de respeito e cortesia.¹

No Marrocos, as famílias são muito apegadas e o respeito pela opinião dos pais é demonstrado pela obediência fiel. Há respeito de ambos os lados, pois os pais aconselham e orientam os filhos na escolha do cônjuge, mas respeitam-se a palavra final do filho ou filha. O uso de uma burqa ou hijab também é uma escolha de cada mulher, com base em sua fé, um sinal de respeito por Allah.

Respeito às autoridades

O respeito às autoridades tornou-se um tanto controverso no Brasil. Devido a situações de corrupção e brutalidade policial, os brasileiros passaram a suspeitar qualquer um em posições de poder. Infelizmente, essa amargura para com a autoridade permeou outras áreas da sociedade, como na escola, onde os professores têm que tratar os alunos com muito respeito, como iguais.

Já nas culturas asiáticas isso é bem diferente. No Japão, as autoridades são tratadas com o máximo respeito, sendo este baseado na questão de reconhecimento da responsabilidade de estar em uma posição de comando. Por isso, uma das profissões mais respeitadas no Japão é a de professor. Os professores têm uma imensa responsabilidade de educar os futuros cidadãos. Se um aluno é pego fazendo algo errado, mesmo fora da sala de aula, seu professor costuma ser alertado antes mesmo de seus pais! Essa responsabilidade é reconhecida e muito estimada pela sociedade. Logo pela manhã, os alunos entram na sala de aula e se curvam como cumprimento ao professor.²

No Marrocos, a relação de respeito para com as autoridades é bem marcante. Mas o que diferencia dos citados anteriormente é que o respeito é baseado no medo da punição. Isso acontece porque as penalidades de quebrar a lei são muito severas, indo muitas vezes contra os direitos humanos. É muito comum ver as autoridades fazerem uso de instrumentos de defesa, como cassetetes, para impor o respeito e obediência às regras.

No Canadá, a autoridade e as leis em vigor são geralmente muito respeitadas. Mas a obediência está condicionada ao princípio que rege sua sociedade: respeito e tolerância, desde que ninguém interfira na liberdade do outro.

Respeito e religião

Quando se trata de religião, a maioria dos lugares que conhecemos tem uma mistura de religiões que coexistem. Isso é verdade em países como o Brasil, Canadá e Japão. Nesses países, embora uma religião possa ser mais predominante do que outras, a religião não necessariamente desempenha um papel nas leis e nos costumes sociais do país. Por isso, quando viajei pela primeira vez para um país onde a religião afeta grande parte da vida cotidiana de sua população, foi um choque cultural. No Marrocos, pela religião comandar várias partes da vida cotidiana, existem megafones instalados ao redor do centro que, nos horários de oração, emitem uma canção-oração, chamando os comerciantes para fecharem seu comércio por um momento, se ajoelharem e orarem em direção à Meca. Nesse momento a cidade toda para.

Porém, isso não é uma questão obrigatória no país. Na minha entrevista com a Hajar, ela explicou que marroquinos e islâmicos acreditam que todos têm o livre direito de escolha de sua religião, sendo que respeitam todas as crenças. Não há, na teoria da religião islâmica, algo que considere a religião deles melhor do que as outras, ou que não defenda a liberdade de todos fazerem suas escolhas individuais. Os conceitos negativos que temos sobre a religião islâmica vem de uma pequena minoria que, infelizmente, deturpa suas crenças para os extremos, com o intuito de justificar atos violentos.

Viajar é aprender

A verdade é que o que acreditamos sobre certas culturas muitas vezes pode ser influenciado por preconceitos decorrentes da falta de conhecimento. Por isso que considero viajar tão importante. A vivência que envolve todo o processo de estar em outro país, percebendo pessoas com culturas diferentes, interagindo com elas e as respeitando, é algo que só é possível com a experiência completa que uma viagem propõe. Mas, como já dito no início, não basta escolhermos um destino e irmos, é importante realizar um estudo prévio para aprender como ser respeitoso em outros países, sermos turistas conscientes. Então, a dica de hoje é VIAJE MAIS, mas VIAJE CONSCIENTE, porque conhecer novos lugares e novas culturas alimenta a alma e é aprendizado para a vida.

Referências e onde você pode ler mais::

¹ EDiplomat – Japan Cultural Etiquette – www.ediplomat.com/np/cultural_etiquette/ce_jp.htm

² CBS News – Respect for Japanese Teachers – www.cbsnews.com/news/respect-for-japanese-teachers-means-top-results/

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