Era uma vez…
O ano era 1998, eu tinha 4 anos e minha família morava em Itú, São Paulo. Meu pai era o líder do Departamento de Jovens da União Sul e era comum passarmos tempo com a família do auditor da União. Ele tinha três filhos (o mais velho era poucos meses mais velho que eu), e nós quatro brincávamos e passávamos tempo junto, até que um dia minha família se mudou para trabalhar nos Estados Unidos e depois no Canadá.
Dez anos depois, quando o MSN* era algo "jovem", eu estava online quando um chat novo apareceu. Era o filho mais velho do auditor, o Vinícius. Ele queria saber sobre a tia dele e sua família que haviam se mudado recentemente para o Canadá e passaram alguns dias conosco. "Eles chegaram bem? Como eles estão?" Respondi às perguntas, mas a conversa durou mais sete anos através do MSN, e-mails, Orkut**, Facebook, etc.
*uma versão antiga do WhatsApp, mas em nossos computadores porque ainda não tínhamos smartphones… loucura, né?! **uma rede social que existia antes do Facebook e que já se foi há muito tempo.
Naquele primeiro ano (2008), passávamos horas conversando no MSN todos os dias, e ele logo se tornou minha parte preferida da minha rotina. A internet me proporcionou muitas amizades, mas a do Vini era diferente. Nossas conversas eram o que eu aguardava todos os dias depois da escola. Não importava quantas janelas no MSN estivessem abertas ao mesmo tempo, a dele sempre tinha prioridade.
Em dezembro daquele ano, fomos ao Brasil e meu pai participou do congresso de jovens em Curitiba – um congresso de jovens em que o Vini também estava. Foi a primeira vez que nos encontramos após nos reconectarmos online e passamos o evento todo muito e extremamente tímidos na companhia um do outro.
Continuamos conversando todos os dias quando voltei para casa. Parentes começaram a notar e fazerem aquelas piadinhas de tios. Mas o Vini não era um ‘crush’ que eu estava afim de ficar contando para ninguém. Nunca rabiscava o nome dele em diários ou mostrava suas fotos para minhas amigas. Para mim ele não era um “talvez”. Ele era “o”. O modelo que qualquer outra pessoa teria que se ajustar para se encaixar. O meu “quando você sabe, você sabe”. O meu lar.
No entanto… nós só tínhamos quatorze anos.
No início de 2010, nossas conversas começaram a ficar mais devagar. Comecei a passar mais tempo na biblioteca, lendo livros sobre desenho, fotografia e cinema clássico de Hollywood. Assisti todos os filmes da Deanna Durbin. Minha família e eu viajamos para a Califórnia pela primeira vez e depois para a Itália. Havia cada vez menos tempo para os bate-papos diários do MSN.
Em 2011, minha família se mudou para o outro lado do Canadá, e já nessa época o MSN e Orkut perderam sua importância e o Facebook era como mantínhamos contato com as pessoas. Trocávamos mensagens por lá: eu enviava uma mensagem num dia, ele respondia no dia seguinte, depois eu escrevia outro dia… Mantendo a calma. Nenhum queria ser o ansioso.
Mas toda vez que acontecia algo legal, ele era a mensagem que eu tinha que enviar. Ele esteve comigo durante minhas provas de natação e curso de salva-vidas. Seu plano era cursar veterinária após o ensino médio, então eu dei a ideia dele fazer um estágio na clínica veterinária da cidade. Ele fez.
E durante essas conversas…algo mudou. Algo muito real. Real demais.
Em 2012, fomos ao Brasil para mais um encontro de jovens. Seu aniversário de 18 anos tinha acabado de passar e eu comprei para ele um jaleco de veterinário para entregar no evento. Mas chegando lá eu o evitei durante todo o evento, ficando perto dos meus amigos. Eu sabia que tinha finalmente acontecido. Ele estava pronto para uma amizade mais profunda do que a que já tínhamos. E eu não estava pronta.
Eu amava nossa amizade! Por que arriscar complicá-la?!
Nas últimas horas do evento, o Vini me encontrou e disse que tinha algo para mim. Tentei mudar de assunto com o jaleco e as felicitações de aniversário. Ele me entregou um livro e cada um foi embora.
As primeiras páginas do livro foram preenchidas com letras de músicas que escutávamos ao longo de anos de conversas, piadas internas, frases melosas e poemas. O restante das páginas foram cortadas e dentro das aberturas havia uma longa carta. Vou poupar os detalhes da carta, basta dizer ser necessária uma resposta. Eu pedi tempo.
Nossas conversas se tornaram diárias novamente. Enviei a ele um e-mail desejando sorte em seu primeiro dia de trabalho “de verdade”, e ele me garantiu que tudo ficaria bem na noite antes do meu primeiro dia na universidade. Finalmente, no verão de 2013, nos tornamos “oficiais” para a grande surpresa de ninguém.
Depois de três anos de um relacionamento a longa distância, terminamos nossas graduações e nos casamos em uma cerimônia ‘pequena e íntima’ com pouco mais de 300 amigos e familiares.
Não sei como, mas faz quatro anos desde 17 de julho de 2016. O jaleco está amarelado no fundo do nosso armário (por falar nisso, se você estiver cursando veterinária me manda uma DM), nosso apartamento outrora vazio agora está cheio de coisas e lembranças, e eu sei com toda certeza que sou a garota mais sortuda por poder “brincar de casinha” com meu melhor amigo todos os dias. Faz quatro anos e nossa história ainda está apenas começando.
7 comentários em “Larissa + Vinícius – A Long Distance Love Story”
Ownnnn!! Que história linda! ♥ FOFOSSSS
Aaaa que história mais linfa de amor.. amei….como assim vc é avó em treinamento? Kkkk
Obrigada, Iren! <3 Que bom que gostou da nossa historinha.
Ahh, é só uma expressão, haha!
Gostei de ler sua história, ainda dá para acreditar no amor e vale a pena esperar por ele.
Obrigada por ler! Com certeza, sim! <3
Pingback: Priscilla + André - Uma história de amor leve - The Girl Writes
Gostei muito de ler sua história de amor <3