Eu morava em Salvador – BA, pois meu pai trabalhava como tesoureiro da associação. Certo dia chegou um rapaz na igreja vindo do interior para estudar e trabalhar. Logo as pessoas começaram a comentar que eu, uma menina bem ativa e animada nos eventos da igreja, daria certinho para namorar o Isaías e que faríamos um casal muito bonito! Analisei bem e vi que ele se encaixava na minha idealização de menina, que imaginava um rapaz moreno de cabelos e bigode pretos. Mas tinha um problema, tanto eu como ele éramos muito tímidos e então achei melhor “cortar as asas” dos meus pensamentos.
Chegou julho e meu pai nos levou para passar as férias na casa de uns primos do Isaías, no interior do Estado. Lá vi aquele rapaz se transformar em outra pessoa – brincalhão, sorridente e muito feliz! Ah, aquilo mexeu com meu coração! Comecei a vê-lo com outros olhos, mas eu tinha apenas doze anos e ele dezoito. Naqueles dias, passamos uma tarde de sábado sentados num banquinho de madeira ouvindo músicas e conversando assuntos triviais. No domingo ele assobiou lá do outro lado da montanha para chamar a minha atenção, mas ficou nisso. Acabaram as férias e voltamos à vida normal. Cada vez que eu o via, meu coração batia mais forte.
Passou o tempo, ele se batizou e foi escalado para passar o princípio de fé para mim e meu irmão, todas as terças-feiras. Eu contava as horas para este dia chegar, mas não conversávamos nada além dos assuntos do princípio de fé. Quando terminava o estudo, meu pai já me chamava para ir para casa; ele era muito rigoroso e não me deixava ficar em rodinhas de conversas com ninguém. Eu era apenas uma menina com quase 13 anos, mas o Isaías era muito respeitador e não questionava a decisão do meu pai. Nessa época ele era estudante e tinha um propósito de só namorar quando tivesse condições de se casar, não pensava em namorar para passar tempo. Ele não tinha condições financeiras ainda para assumir algum compromisso e eu era muito nova também.
A mudança
Chegou o final do ano e fomos transferidos para São Paulo. Ele imaginou que uma menina tão bonita em uma cidade cheia de rapazes mais interessantes, ele não teria mesmo nenhuma chance (mal sabia ele que eu não tinha olhos nem pensamentos para ninguém mais).
Antes da viagem de mudança, eu e minha família fomos convidados para um almoço na casa de uns primos dele e lá conversamos quase uma tarde inteira, e nesse dia descobri que ele tinha um sonho de ir para a escola missionária e trabalhar na obra de Deus. Era só isso que faltava para ele se encaixar de vez na minha idealização de um namorado/marido, pois um dos meus sonhos era ser esposa de missionário.
Antes de ir embora coloquei numa agenda o nome e endereço dos jovens da igreja para que eu pudesse enviar-lhes cartas. Chegando em São Paulo cumpri o prometido e escrevi inúmeras cartas para todos, mas só ele e outro rapaz, amigo, me responderam e assim passamos a trocar cartas para lá e para cá. Nisso se passou um ano e ele disse que ia me visitar naquele fim de ano, só que neste meio tempo ele foi chamado para trabalhar na obra e não pôde mais viajar, nem ir para a escola missionária. Então ele mandou uma cartinha marcando o dia e hora para conversarmos por telefone no escritório do meu pai.
A ligação
Desde o momento em que li a carta comecei a ficar nervosa, pois meu pai era muito bravo e com certeza não iria deixar, mas eu contava com meu irmão e uma amiga para “enrolar” meu pai para não ir embora e fechar o escritório antes da ligação. Esperamos por um bom tempo e nada. Ele não ligou! Depois de muito tempo fiquei sabendo que o telefone estava ocupado lá e ele não conseguiu ligar. No outro dia meu pai chegou em casa muito bravo, porque descobriu que aquela “enrolação” do dia anterior era para dar tempo de o Isaías ligar para mim. Imediatamente meu pai mandou um recado para ele, dizendo que “lá em casa não tinha ninguém com idade para namorar e eu só iria poder namorar quando tivesse 17 anos”. Nessa época eu tinha acabado de completar 15 anos. Depois disso fiquei sabendo por intermédio de amigos em comum que ele ia me esperar. Fiquei triste com tudo o que aconteceu e por eu mentir para o meu pai, mas até ali eu e o Isaías não tínhamos nenhuma conversa sobre namoro, nada! Mas de alguma maneira sabíamos que um gostava do outro.
As cartas
Nossas cartas eram de amizade, mesmo assim falei para ele não escrever mais, pois o clima em minha casa não estava muito favorável e assim as cartas tão aguardadas pararam de chegar. Passou um ano e neste tempo me aproximei muito dos meus pais e contava-lhes meus sonhos. Quando chegou em outubro daquele ano, eu completei 16 anos e, um dia, na igreja, meu pai apontou para um rapaz bonito e rico e falou: “este rapaz é bom para você, Maninha!” Eu olhei bem séria nos olhos dele e falei: pai, o senhor já sabe de quem eu gosto! E ele não falou mais nada. Passados alguns dias meu pai me falou que eu podia voltar a escrever para o Isaías, mas fiquei sem graça de começar a escrever de novo.
Passaram alguns meses e chegou março, mês do aniversário dele. Arrisquei pedir para meu irmão ligar para ele enquanto eu estava ali perto para aproveitar a chance. Quando ele perguntou por mim, meu irmão me passou o telefone e começamos a conversar pela primeira vez em três anos (desde que eu tinha mudado a gente só escrevia cartas) a primeira pergunta dele foi: “eu posso te escrever?” Eu disse que podia e assim recomeçamos a jornada por cartas, e de vez em quando ele ligava para mim.
No dia 15 de outubro de 1985, exatamente um dia antes de eu completar 17 anos, ele estava lá para me pedir em namoro a meu pai, mas, na verdade, depois de tantas histórias e provações, nós dois já tínhamos certeza do nosso amor e já combinamos a data do casamento que seria no dia 4 de janeiro de 1987. Já se passaram 35 anos desde aquela data e nunca duvidei que minha escolha foi acertada.
No dia 15 de outubro de 1985, exatamente um dia antes de eu completar 17 anos, ele estava lá para me pedir em namoro a meu pai, mas, na verdade, depois de tantas histórias e provações, nós dois já tínhamos certeza do nosso amor e já combinamos a data do casamento que seria no dia 4 de janeiro de 1987. Já se passaram 36 anos desde aquela data e nunca duvidei que minha escolha foi acertada.
Lembro-me de sempre orar para que Deus fizesse em nossa vida o que fosse o melhor e nisso eu confiava de todo coração. Até hoje gosto muito do versículo de romanos 8:28 “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”.
Em toda a nossa história entregamos nossos propósitos nas mãos de Deus e confiamos que tudo ficaria bem.
E essa é a nossa história de amor!
11 thoughts on “Josiane (Maninha) + Isaías — Amor em cartas”
Muito legal relembrar nossa história…cada detalhe guiado por Deus. Quando entregamos nossos sonhos e desejos nas mãos de Deus, Ele nos honra e da tudo certo!
Ahh que lindos, amo vcs… E sua história é muito romântica amiga e inspiradora…?
Obrigada querida! Amo você também!
E se não me engano ele assobia até hoje ?
Pensa num casal combinado, que a gente se sente feliz perto!
E como assobia kkkkkk
Obrigada por me animar a escrever prima, foi bom relembrar! Gosto de ler sua história também.
Que linda história! Vcs são um casal lindo! Deus abençoe vcs! ?
Obrigada pelo carinho Lígia! Saudade de você! Deus te abençoe sempre ?
Q lindooo❤️❤️❤️
Que linda emocionante e empolgante historia . Deus continue abençoando essa união. ??
É amor pra mais de metro. Tenho um carinho especial por este casal.
Que história linda. É a prova que há excessões em caso de pessoas bem jovens que almejam casar cedo…desde que assim como esse casal eles respeitem os conselhos dos pais.